sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Linger on... pale blue eyes

<<Mp4>>
"Marisa Monte - Verde, Anil, Cor-de-Rosa e Carvão"
> Faixa 1
"Maria de verdade"
Homens são tão tolos. Sempre com sua maneira de olhar, seu jeito de querer conquistar. Acho divertido. Mal sabem eles que a conquista é um jogo de cartas marcadas e que somos nós que fazemos as regras (meu corpo, minhas regras). Se há algum sucesso em suas empreitadas, é porque queremos de antemão. Mesmo quando parece que dificultamos, na verdade é por uma questão de opção, mas no íntimo sempre mora uma predisposição.
Homens são tolos. É cômico, verdadeiramente.
Veja este aqui: de tempos em tempos olhando a moça mais a frente. Eu desconfio sempre, deve estar a comê-la com os olhos.
Mas devo estar sendo leviana em meu julgamento. Daniel tinha um olhar calmo, doce, tranquilo, e não era gay. Invariavelmente, os gays tem um olhar doce.
Conversamos isso, eu, ele, Marcos e a Letícia. Eu conheço a Letícia, que é lésbica, que conhece o Marcos, que é gay, que conhece o Daniel, e dai pensei, mas pensei errado. Ele só era um cara tranquilo, de boa, e legal, muito legal.
É engraçado como gostamos de adivinhar as pessoas. "É gay" "Não, Não é" "Esse é reaça" "Com essa barba, é dos meus".
Este cara aqui poderia ser gay. De certa forma há uma doçura na forma como contempla a moça. Seria inveja? Não! Vi um lampejo de outra coisa nessa forma curioso de olhar. Algo como domínio, talvez. Um quê de senhor de algo.
Daniel é Ótimo, aliás. Não sei por que não deu certo, não rolou mais.
Talvez aquela cara pacifica demais depois de transar, como um eterno buda.
Talvez fosse coisa de pele ou das estrelas. Enfim, ele continua um ótimo cara.
Talvez fosse a calma. Sempre gostei de tirar ela dos outros. Tirar do conforto. Quem me vê em meus óculos não sabe o que aqui há.
Talvez, na verdade, tenha sido aqueles olhos azuis que apareceram.
>>| Faixa 5
"Pale Blue eyes"
Taís.
Taís!
Eu que gosto tanto de tirar o sossego, tive o meu tomado.
Olhos como o céu do verão. Gosto de fechar os olhos e me relembrar refletida naquele céu.
Homens são tolos.
Preciso falar com ela, dizer para largar aquele namorado tosco.
Confessar que...
=Dois pares de olhos se encontram=
Será que eu estava sorrindo? Ou estava encarando-o sem saber? Será que estou com cara de reprovação? O rapaz que observava, olha pra mim, branco!
Será que passa bem? Não deu tempo de perguntar. Desceu rápido.
Será que leu meus pensamentos???
Segui com os olhos. Vai que desmaia! Ou olha de volta...
Não... Seguiu, se recompondo ainda assustado.
Fome.
O rapaz foi em seu caminho, meu ponto chegou.
E o céu azul de verão me recebe fora da lata.

<<Inspirado em "Flâneur de busão", de Esdras Soares.>>

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